Intolerância à lactose

Praticamente todas as reações do nosso organismo são mediadas por enzimas. Muitas dessas enzimas têm origem no intestino delgado e servem para auxiliar a ingestão dos alimentos que consumimos. O leite (e seus derivados) possue um açúcar chamado LACTOSE, que é digerido em nosso intestino delgado pela enzima LACTASE. A enzima "quebra" a lactose em GLICOSE E GALACTOSE. A intolerância à lactose ocorre quando o intestino não produz ou produz em quantidade insuficiente a enzima lactase.

Como a lactose chega ao intestino grosso inteira, ou seja, inalterada, ela se acumula e é fermentada por bactérias que fabricam ácido lático e gases, causando retenção de água e provocando inchaço, gases, diarréia e fezes ácidas.

Tipos:

1) Deficiência congênita – por um problema genético, a criança nasce sem condições de produzir lactase (forma rara, mas crônica);

2) Deficiência primária – diminuição natural e progressiva na produção de lactase a partir da adolescência e até o fim da vida (forma mais comum);

3) Deficiência secundária – a produção de lactase é afetada por doenças  intestinais, como diarreias, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, doença celíaca, ou alergia à proteína do leite, por exemplo. Nesses casos, a intolerância pode ser temporária e desaparecer com o controle da doença de base.

Não existe um tratamento para a intolerância à lactose, a não ser o uso da enzima lactase por uso externo. Entretanto, isso é bastante inconclusivo, pois alguns indivíduos NÃO apresentam resposta a esse uso e outros necessitam ajustar as dosagens frequentemente, a fim de obter os resultados da mesma. A lactase é uma enzima que está começando agora a receber certa difusão no Brasil. Até bom tempo atrás, a única forma de utilizá-la era com prescrições médicas ou nutricionais específicas e através de manipulação. Hoje já é possível compra-la em algumas farmácias e em diversas versões, desde as tradicionais cápsulas até mesmo produtos em sachês para culinária.

Intolerância à lactose x Alergia à proteína do leite de vaca (APLV)

É muito comum que as pessoas confundam os dois problemas, já que os sintomas muitas vezes são parecidos e o leite é o "vilão" da história. Porém, enquanto a intolerância à lactose é uma deficiência enzimática, a alergia à proteína (ou às proteínas) do leite é uma resposta do sistema imunológico do nosso organismo, frente a um alimento ingerido que é interpretado de forma errada como um invasor. São 3 as principais proteínas do leite da vaca: caseína, β-lactoglobulina e α-lactoalbumina. A exposição à essas proteínas desencadeia reações que podem variar de indivíduo para indivíduo e frente as quantidades ingeridas. Ao se iniciarem as reações alérgicas, podem ocorrer desde desconfortos gástricos, problemas na pele e até mesmo no sistema respiratório, em casos mais extremos e delicados.
A APLV é mais comum em bebês e 90% deles estarão curados aos 3 anos de idade. São poucas as pessoas que continuam alérgicas pro resto da vida. O que acontece com a população celíaca (segundo diversos relatos em grupos do facebook) é que muitos além de intolerância à lactose acabam desevolvendo também APLV, tendo respostas satisfatórias com a retirada de leite e seus derivados.

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